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Como sobreviver à Crise dos 40 anos?

  • Foto do escritor: raquelmsarmento
    raquelmsarmento
  • 18 de nov. de 2024
  • 15 min de leitura



Metanoia  é  um  termo  grego  que  indica  transformação  da  própria  identidade pessoal, quando novos valores podem ser adotados.


Todas as pessoas passam por diferentes momentos de reflexão e mudanças na vida, e nessa fase de “metade da vida” pode ser o mais marcante, talvez pelo momento em que parece que tudo deveria estar definido nessa fase da vida (diferente da adolescência, por exemplo).

 

A crise dos 40 anos é conhecida também como a idade do(a) lobo(a) ou crise da meia-idade, e acontece entre 38 e 50 anos, momento em que iniciam ou se intensificam os questionamentos sobre a vida - O que fiz até agora? Como será meu futuro? Muitas vezes esses questionamentos vem cobertos de emoção muito potente - uma desesperança, muita dúvida, conflitos, angústia! A pessoa muitas vezes deixa de se reconhecer, e também muda aos olhos dos mais próximos.

Toda crise é uma oportunidade de transformação. Ao longo de nossa vida passamos por diferentes experiências e momentos de escolhas. Durante essa fase especialmente, surgem conflitos e incômodos (que iremos explorar mais adiante), e a partir desses incômodos, a necessidade de aprofundamento no autoconhecimento.

É um momento em que o indivíduo faz uma reavaliação de sua vida. E confronta aquilo que fez, aquilo que não fez, os sonhos que se concretizaram, os que não são mais possíveis.

Pode surgir sofrimento ao se deparar com a vida que tiveram, e uma dúvida sobre as capacidades para enfrentar o futuro, ou mesmo o que esperar desse futuro.​​

Mas é importante destacar que assim como outras crises, a Crise dos 40 anos é passageira. Mas é preciso encará-la, para que consiga sair dela fortalecido. Como se trata de um momento de vida onde tem muita coisa em jogo, pode aparecer a sensação de que está tudo errado! Que nada mais tem salvação! Pode surgir a vontade de jogar tudo pro alto, abandonar a casa, a família, o emprego, e vender coco na praia (já ouvi muito isso em consultório)... Isso porque é um momento de muitos questionamentos, muito julgamento sobre a forma como o indivíduo conduziu a própria vida.

​Muitas pessoas entram em depressão, porque não conseguem lidar com a angústia, que muitas vezes surge nessa fase. A sensação de vazio pode ser imensa. Algumas pessoas na crise da meia idade ficam sem esperanças. Rodeadas de problemas, sentem profundamente que poderiam ter feito coisas totalmente diferentes, se lamentam por isso, entrando num vazio. Tendem a esquecer que as decisões foram tomadas em momentos anteriores da vida, onde muitas vezes não havia conhecimento, maturidade, ou até mesmo, muitas outras opções, e se ressentem de si mesmos por terem feito esta ou aquela opção.​

Focadas no passado e em seu ressentimento, muitas dessas pessoas se aprofundam num oceano de ilusão e culpa, e submergem num enorme vazio. Para sair desse círculo vicioso de culpa e remorso, é importante recorrer ao tratamento psicológico.

Embora haja outros pontos a se considerar no desenvolvimento de transtornos psicológicos, a maneira como um indivíduo vive pode favorecer o aparecimento de depressão, ansiedade, burn out, entre outros.

 

Quais são os sinais de que estou na crise dos 40?


Alguns sintomas são comuns nesse momento, entre eles:

  • Ansiedade - em relação ao que virá, como será meu futuro?

  • Nostalgia - saudade de um tempo onde as coisas pareciam mais simples, ou dos filhos pequenos, ou da época em que era solteiro, etc.

  • Irritabilidade - consigo mesmo e com os outros

  • Impulsividade - gastar sem pensar, se separar, pedir demissão de maneira abrupta

  • Tédio, falta de motivação, procrastinação, sentir que os dias são todos iguais

  • Insatisfação com a própria vida, com as pessoas, com a carreira

  • Sensação de vazio, conseguindo ou não nomear do que sente falta

  • Tristeza (depressão)

  • Comportamentos indulgentes e arriscados

  • Cansaço diante da rotina habitual

  • Sonhar acordado com outro estilo de vida, seguir influenciadores que nada tem a ver com a própria realidade, gerando ainda mais angústia

  • Pensamentos recorrentes sobre o passado, decisões tomadas ou não, erros cometidos, sempre com muita culpa ou sensação de injustiça

  • Mudanças drásticas na aparência, relacionamentos, estilo de vida ou comportamento

  • Pensamentos do tipo “E se eu tivesse…”: escolhido outra carreira, tido (ou não tido) filhos, casado, separado, viajado, me mudado…


Para sair da crise dos 40 e não entrar em depressão, é importante que a pessoa encare seu passado e possa elaborá-lo.

 

Vida difícil, abandonos, traições, precariedade, abusos, injustiças, escolhas equivocadas, entre outros podem ser fatores que levam a pessoa a se ressentir de seu passado e ter dificuldade em ressignificar, perdoar ou esquecer e seguir em frente.

 

Durante o momento da crise os sentimentos ficam exacerbados, e podem levar a uma sensibilidade e uma introspecção, que pode levar a pensamentos repetitivos e recorrentes, tornando o mundo interior bastante aflitivo. Tenho acompanhado em consultório pessoas muito entristecidas com as próprias vidas e até mesmo com raiva de si mesmas por estarem se questionando, sem conseguir entender porque estão fazendo isso consigo mesmas e com aqueles que as amam.

E não se trata de “Mudar o pensamento”, é cruel exigir de alguém que está passando por uma crise que apenas “pense positivo”, ou “esqueça isso”!

Empatia e compaixão, se permitir vivenciar a crise , buscar ajuda para ressignificar e buscar novas perspectivas de vida.

Ter autocompaixão é fundamental! Autocompaixão é ser gentil consigo mesmo e respeitoso com o processo que está vivendo. É aplicar consigo mesmo a paciência e o carinho que você tem com uma pessoa de quem você gosta muito quando ela está passando por um momento difícil e recorre a sua ajuda. Trate-se como se fosse um amigo querido.


Sua história conta quem você é! As experiências necessárias para construir quem você é hoje! É preciso aprender a respeitar o próprio passado, as escolhas feitas por você quando você era mais jovem, ou tinha diferentes opções ou prioridades. É muito diferente saber a melhor carreira aos 40 anos, do que fazer essa escolha aos 18 anos. 

Com a maturidade e as experiências vividas começamos a reconhecer que temos alguns limites que muitas vezes deixamos ser ultrapassados. Nesse momento, estabelecer limites e ser mais consciente daquilo que se quer ou não se quer mais é fundamental e mais claro. Essa nova consciência pode gerar em você uma nova forma de agir diante das coisas, inclusive diante de pessoas que parecem não se adequar mais a esse seu momento.

Pensando na própria saúde mental, deixando de lado as coisas do passado que não agregam em nada, ou até comportamentos que antes foram importantes, mas hoje não são mais necessários, como cuidar de tudo e de todos e esquecer de si mesmo. É hora de se cuidar e se priorizar!

 

Essa crise não dura para sempre. Os bons momentos passam, os mais atribulados também. Ao longo de sua história aconteceram coisas difíceis, que pareciam impossíveis de se transpor, e dia após dia, com determinação e força, você conseguiu superar os problemas.

 

Na crise dos 40  é a mesma coisa. Assim, procure "viver um dia de cada vez". Uma boa dica para viver no presente é praticar Mindfullness, que é definido como a capacidade de dirigir a atenção para a experiência presente de forma intencional e sem julgamentos. 

Envolve estar consciente dos pensamentos, sentimentos, sensações corporais e do ambiente ao seu redor. Essa prática promove a aceitação da realidade momentânea, permitindo uma maior clareza mental e emocional.

É provável que até agora você tenha vivido seguindo padrões impostos pela sua família ou pela sociedade, se dedicando ao cônjuge e filhos, trabalhando muito para dar condições financeiras razoáveis para sua família, deixando de pensar em si mesmo. Quando a pessoa se depara com esse questionamento na crise dos 40, provavelmente entrará num processo mais introspectivo que pode ser mais ou menos intenso para cada um. Vai começar uma necessidade de se aprofundar em si mesmo, ampliar o autoconhecimento. Nesse momento a terapia é uma ferramenta muito útil.

Também pode ser necessário desaprender comportamentos antigos, incluindo a ideia que você tem sobre as coisas, e reaprender novas formas de pensar e agir. Os comportamentos e hábitos que hoje você tem, provavelmente aprendeu por repetição e reforço a tempos atrás. Será que ainda devem prevalecer? Eles ainda servem na vida que você está construindo daqui para frente?

Os valores que são cultivados, ainda fazem sentido? Crenças que ainda carrega, ainda são válidas? Suas necessidades ainda são as mesmas ou mudaram? Você ainda é a mesma pessoa de 10 ou 20 anos atrás, quando tomou suas decisões?

Todos os questionamentos sobre a forma como você está vivendo sua vida podem ser colocados de uma maneira mais compassiva e eficiente ao olhar para o futuro ao invés de lamentar o passado. Como você gostaria de passar a próxima metade da sua vida? 

Ao olhar para o futuro de forma curiosa e aberta, é possível desenhar uma nova realidade, com diferentes crenças, valores e por consequência, pensamentos e comportamentos mais adequados a essa nova realidade. 

Como surge essa reavaliação de realidade e comportamentos, muitas das estruturas que serviam de apoio para você no passado, perdem sua utilidade, gerando a necessidade de agir com maior flexibilidade e buscar alternativas. 


Com a maturidade, ficamos mais conscientes. Nossas experiências servem de pano de fundo para a construção de uma narrativa cheia de bagagem e conexões. Se ficarmos atentos e avaliarmos com calma, encontraremos solução para tudo a partir do que vivemos. Não precisamos supor ou imaginar, já vivemos de tudo um pouco. Com a maturidade “Cai o castelinho” e passamos a enxergar o mundo mais real, sem filtro.

 

Quando você está mais consciente, menos influenciado por fantasias, pode perceber comportamentos e intenções em outras pessoas antes encobertos. Essa nova habilidade de “ler as pessoas” pode gerar um certo sofrimento, pois não se está mais iludido.

Ao mesmo tempo, esse choque de realidade pode favorecer o autoconhecimento e a autopreservação. 

 

Se permitir reconhecer e vivenciar emoções consideradas negativas (como a raiva e a tristeza) pode evitar o excesso de autocobrança e a autocomiseração. Vivenciar o luto por situações que acabaram e pessoas que faleceram é fundamental  para seguir em frente e viver uma vida mais plena de significado.

 

O medo de envelhecer na crise dos 40 pode se confundir com o medo do futuro. Costumo dizer que a alternativa ao envelhecer não é muito boa, pois só quem morre jovem não envelhece. Porém, é preciso relativizar o que se está temendo no envelhecer - está ligado à aparência, saúde, perda de autonomia? É importante avaliar as possibilidades. Esse momento é ótimo para focar na saúde, iniciar um programa de emagrecimento e atividades físicas, pois embora não tenhamos mais jovialidade, temos muito mais disciplina. 

Existem várias pesquisas sérias apontando para a correlação entre exercícios e peso adequado e longevidade e especialmente, autonomia na velhice. Para poder se levantar sozinho no futuro, ou para manter os níveis hormonais adequados agora, exercício e alimentação adequada são nossos melhores aliados. 

Estar abertos a aprender sobre o que nos faz bem, organizar nosso dia a dia para encaixar as atividades físicas e uma alimentação adequada terá impacto na forma como vamos envelhecer. É importante criar metas razoáveis para si mesmo, nada de dietas malucas ou exagerar nos exercícios de uma hora para a outra para não se machucar. Se você engordou 10 quilos em 10 anos, porque esperar perdê-los em 2 meses? ​


O foco no corpo pode aparecer como um dos sintomas da Crise dos 40, quando a pessoa está obcecada apenas em tentar permanecer jovem - um dos problemas que pode surgir na Crise dos 40. 

Outra coisa que pode acontecer nesse momento, quando se está em desequilíbrio, é tentar outras estratégias para se “manter jovem”, como interagir mais com pessoas mais jovens (algumas vezes até tendo casos amorosos com pessoas 10, 20 anos mais jovens), frequentar ambientes em que se sente mais jovial - academias, clubes, baladas e festas, vestir-se e falar como alguém mais jovem. Agir de forma inconsequente, gastar mais dinheiro, valorizar coisas que estavam “aposentadas” já há algum tempo. Nessa tentativa de pertencer a um grupo mais jovem, muitas vezes a pessoa deixa de se parecer com ela mesma, sendo então alvo de críticas de pessoas próximas e até de si mesma. 

Por isso é tão importante se conhecer, se aprofundar no significado disso tudo. Claro que é bom renovarmos as energias, mudar, trazer mais leveza para nossa vida já tão estressante pelas responsabilidades de ser adulto, mas é preciso dosar bem para não cair em um processo autodestrutivo. 

Hoje com recursos da ciência, tempo e dinheiro é possível garantir uma aparência mais jovem, aprimorar a saúde e prolongar o tempo de vida útil. Mas é preciso usar todos esses recursos com sabedoria, aproveitando do lado bom da maturidade também. Para trabalhar melhor esse lado e encontrar o equilíbrio para transformar a vaidade em amor próprio e autocuidado. Nesse sentido, buscar manter a autoconfiança e minimizar os efeitos da preocupação com o julgamento alheio serão fundamentais. 


Tornar-se mais autoconsciente 

Nesse momento da vida especialmente os homens ampliam sua sensibilidade. Muitos iniciam a busca por processos de autoconhecimento e psicoterapia nessa fase. 

As mulheres em geral são mais curiosas sobre si mesmas e seus processos internos desde sempre, mas também lotam os consultórios nessa etapa de vida especialmente ao começar a perceber os primeiros sinais do Climatério, que é a fase de vida em que se iniciam mudanças hormonais importantes que culminam na menopausa. Mas os homens também passam por mudanças hormonais importantes nessa fase, de maneira às vezes mais silenciosa, e como não estão muito acostumados a lidar com os próprios sentimentos, têm normalmente pouca troca com amigos,e acabam se fechando e sofrendo sozinhos, tendendo a “jogar tudo pro alto” com mais frequência que as mulheres. Mulheres nessa altura da vida acabam se tornando mais assertivas e podem passar a serem vistas como “duras”, ou intransigentes, por passarem a ser mais diretas em relação aos limites e aceitação do que vem de outras pessoas ​e de exigências sociais. 

É mesmo uma mudança difícil, e por isso, algumas pessoas preferem não olhar para a realidade, pois não desejam que a consciência da dor aconteça. Ao fazer isso, elas evitam a dor, mas também evitam a alegria.

​Mas é fato que esta crise é uma oportunidade de desenvolvimento e melhoria. A ampliação da consciência é fundamental para quem quer sair da crise dos 40 anos com saúde psicológica em dia!


​Dicas importantes

É fundamental buscar compreensão sobre esta nova fase da vida, compreender que não está sozinho, isso é sim algo que acontece com todos nós em maior ou menor escala. Algumas pessoas levam a vida de forma mais equilibrada desde sempre, tem autoconhecimento e mais autocompaixão e conseguem passar por essa fase sem grandes choques, outros “fingem” que nada está acontecendo e varrem coisas para debaixo do tapete e sofrem calados, mas essencialmente a crise dos 40 anos acontece com todo mundo que chega nessa idade. Ler, participar de grupos, ouvir podcasts, acompanhar outras pessoas que estão passando por esse momento é importante para se aceitar melhor. 

  • Buscar ampliar o Autocuidado - com a saúde física, mental e espiritual, estar atento ao próprio corpo e as próprias necessidades. 

  • Aumentar a Autocompaixão, ser gentil com o processo

  • Praticar a gratidão, através da percepção do que você já viveu, das conquistas que já teve, as histórias que viveu, os aprendizados que teve

  • Buscar ajuda - terapia individual ou grupo

  • Mindfullness - Viva o presente, esteja presente!

  • Objetivos de curto, médio e longo prazo - realizar um planejamento e se dedicar a fazer acontecer vai ajudar muito 

  • Assertividade e respeito próprio, se libertar das imposições externas, se permitir, reconhecer os próprios limites e comunicar aos outros os seus limites.

  • Reconhecer para homens o aumento da sensibilidade, para mulheres, da assertividade

  • Reavaliar as relações - o que ainda faz sentido? Casamento, amigos, até familiares - cultivar as amizades que sejam significativas no hoje. Manter a individualidade ainda que se esteja num relacionamento, manter a parceria sem exceder nas cobranças

  • Se abrir para possibilidades no trabalho - mudança de carreira, diminuição de ritmo, oferecer mentoria para os mais jovens, participar de projetos de inovação e mudança, encontrar trabalhos voluntários que sejam significativos e valorosos para seu espírito.



​Amadurecer x Envelhecer

Existe uma diferença fundamental entre amadurecer e envelhecer. Tornar-se velho apenas é algo ruim pois significa apenas caminhar para o final. Na Antroposofia acreditamos que é possível nesse momento de vida estabelecer um  novo rumo, onde embora o corpo físico naturalmente vá acabar perdendo forças numa curva descendente, o espírito acesse uma curva ascendente e isso traga mais felicidade e propósito. Sem parecer clichê, amadurecer com saúde e alegria significa encontrar esse propósito na própria vida, encontrar pequenos momentos e situações em que você perceba que fez e faz a diferença, para uma pessoa ou para uma multidão, não importa, importa você valorizar a sua própria existência. 

O que você avalia que é importante para você daqui para frente? Como dica, escreva sobre as experiências e comportamentos que você tem e que ainda te fazem sorrir. Também escreva sobre as novas experiências que deseja, e os comportamentos que você admira mas ainda não conseguiu introduzir em sua vida. Esse exercício pode começar a te dar uma percepção do que você está buscando nessa nova etapa de sua vida.

Também faça a mesma reflexão sobre as coisas que parecem não se encaixar mais nesse momento de sua vida. Nessa fase, muitas vezes acabamos mudando nossos contatos com as pessoas, seja porque algumas delas se mudam, se afastam (os filhos crescidos por exemplo, saem de casa), ou se vão (parentes idosos). Também é preciso lembrar que temos escolha - sabe aquela pessoa que você não entende porque está na sua vida? Que representa coisas que você não tem mais conexão, que te traz péssimas lembranças ou reforça hábitos que você quer abandonar? Então, saiba que você tem escolha. Mesmo que seja um parente ou alguém do trabalho “Ah, mas eu TENHO QUE conviver com fulano”, não, não tem. Você é livre para decidir quem pode ou não participar da sua vida nesse momento. Sei que pode parecer impossível, mas não é. Faça um breve exercício. Imagine-se distante dessa pessoa. Imagine que você não envolve mais essa pessoa em suas decisões, você não compartilha suas dúvidas nem suas conquistas com ela. Você é apenas “polido” com ela. Como você fica? Talvez você precise encontrar alternativas para realizar essa fantasia…


No processo terapêutico muitos dos meus pacientes 40 + revisitam essas relações. Claro que temporariamente o efeito pode ser impactante, para dizer o mínimo. Mas com o tempo e ajustes necessários, muitos relatam mais leveza ao mudar o convívio com pessoas que consideraram que não deveriam mais participar de seu cotidiano, tendo coragem para fazer melhores escolhas e sustentá-las.​


Autoconhecimento

 

O que fazer com tantos questionamentos, dúvidas que surgem durante a crise da meia-idade? Encará-las de frente. Nada de varrer para debaixo do tapete. Se você precisar de ajuda, não hesite em buscar um profissional habilitado e inicie um processo terapêutico. 

Basicamente, procure encarar seu momento presente. Qual o cenário atual? Quem são os personagens principais? Quais suas perspectivas de futuro? O que deve ficar no passado? Com quem fazer as pazes? O que perdoar? Do que se desfazer? Que mudanças trariam mais vida, mais harmonia? Quais seus limites? O que pode ser revisto?

De modo geral, um bom conselho nesse momento seria não seja impulsivo. É hora de aproveitar a maturidade e refletir com bastante parcimônia sobre tudo que está envolvido antes de tomar decisões precipitadas. 

Claro que não é fácil encarar esses questionamentos. Você pode enfrentar resistência das pessoas que te cercam, além das suas próprias. Por isso é tão importante reconhecer a necessidade de ter um suporte. Escolha um amigo leal, frequente grupos voltados para o autoconhecimento, busque terapia. 

Uma coisa que você pode começar a fazer o quanto antes é reconhecer aquilo que te faz bem. Rotinas, pessoas, comportamentos… Praticar gratidão, meditar, fazer exercício, trocar mensagens com uma pessoa especial, são coisas que vão ajudar a elevar a sua autoestima e dar um impulso na sua dedicação. ​

Certifique-se de estar mais próximo das pessoas que te façam bem, e procure se afastar gentilmente de situações que não estejam alinhadas com o que você quer desenvolver. 

Além das relações, é importante olhar também para a vida profissional, que é responsável por grande parte do nosso dia! Se está num trabalho que te prejudica de alguma forma, pode ser necessário reavaliar. Faça isso também, para outras áreas importantes da sua vida. Não é jogar para o alto, é avaliar, ponderar prós e contras, se preparar para as mudanças necessárias.

Como se preparar para a próxima metade de sua vida?

  • Você tem objetivos claros para seu futuro? Compreende recursos necessários e prazos para sua realização? O que precisa fazer para alcançá-los?

Pode ser que grande parte das decisões tomadas que te trouxeram até esse momento tenham sido tomadas por um “você totalmente diferente”, um jovem de 20 anos…

Você não tinha a idade que hoje tem, a experiência, e muito menos a maturidade que é tão presente hoje. Por esse motivo, seja auto compassivo e não se culpe sobre o que deixou de fazer ou fez errado.  

Algumas ideias e escolhas foram úteis no passado, então elas cumpriram a sua função. Pode ser que hoje, com outras condições, outra realidade, suas necessidades tenham mudado. Reavalie cada uma delas.

Planeje sua rotina, estabeleça novos objetivos, colocando metas ao mesmo tempo desafiadoras porém, possíveis de serem atingidas, com prazos e se possível, um passo a passo mais detalhados (com mini-metas intermediárias). Por exemplo, se seu plano inclui mudar de carreira ou ser promovido, procure se cercar de pessoas que possam te ajudar nesse caminho, estude, faça propostas dentro da empresa, se planeje financeiramente, visualize em quanto tempo você estará pronto para a mudança antes de fazer o movimento. 


Saiba que durante essa nova fase você poderá enfrentar resistências importantes do meio em que vive. Procure se aliar a pessoas que estejam no mesmo momento e que dessa forma, terão mais empatia com suas mudanças e suas eventuais oscilações. Procure viver o presente, de forma significativa. Compreenda e honre seus limites, não aceite que outras pessoas estabeleça os seus parâmetros. O Julgamento é algo natural no ser humano, mas viver de acordo com o olhar do outro o tempo todo pode ser aprisionador. Esteja atento aos seus valores, suas prioridades, mantenha sempre em perspectiva o que você quer para seu futuro, seu propósito daqui em diante. Lembre-se que só podemos nos responsabilizar por aquilo que é nosso. Nossos sentimentos, nossas expectativas, nossos valores. Outras pessoas podem se frustar com suas novas atitudes e decisões. Mas se você estiver fazendo mudanças para seu bem, respeitando e sem prejudicar outras pessoas, a frustração do outro provavelmente será decorrente do fato de você ter deixado de atender alguma expectativa para ele, e isso não é responsabilidade sua. O sentimento do outro é responsabilidade dele e não sua, assim como seus sentimentos são de sua responsabilidade. 

Percebo na minha prática clínica de psicologia, que as pessoas que conseguem lidar com uma crise existencial como essa, são aquelas que aprenderam a respirar antes de sair fazendo, as que conseguem analisar os próprios sentimentos e comportamentos, ajustando o que for necessário, estabelecendo limites e comunicando seus sentimentos de forma assertiva e respeitosa com os demais. São pessoas que reconhecem erros, celebram suas vitórias, buscam sempre se aprimorar. Sentem-se felizes em alguns momentos e também sabem reconhecer sua humanidade e suas dores e ser gentil com o processo. 

 

Se você percebeu que está passando pela crise da meia-idade, saiba que é possível passar por isso sem tanto sofrimento e continuar seu desenvolvimento. Encontrar sentido é fundamental para manter sua coerência e alegria. 

Se você acha que precisa de ajuda para enfrentar essa fase, me procure para atendimento online ou presencial em Indaiatuba-SP.


 
 
 

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​© 2014 by Raquel de Moraes Sarmento

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