top of page

Devo tentar?

  • Foto do escritor: raquelmsarmento
    raquelmsarmento
  • 21 de jul. de 2016
  • 3 min de leitura

Com a maturidade e os anos que se acumulam muitas vezes dizemos que “cachorro velho não aprende truques novos”, e vamos seguindo o nosso caminho com aquilo que conhecemos, nossos vícios, nosso lugar comum, nossa zona de conforto...

Para quê mudar? Por que conhecer algo novo? Por que começar do zero?

Digo que sim, desde escalar uma montanha a aprender a desenhar, tudo pode ser feito pela primeira vez ainda que anos mais tarde do que o que convencionalmente vemos por ai. Porque aprender coisas novas, tentar caminhos diferentes, nos coloca em posição de vulnerabilidade e de aprendizado, e nos faz reconhecer com humildade que não somos capazes de tudo, que temos assuntos que não dominamos, que tem habilidades que não temos. Mas se não tentamos, como vamos saber se não temos mesmo? Será que no fundo não ficamos acalentando a ideia de que, se tentássemos de verdade, conseguiríamos? A arrogância de achar que não preciso de algo novo, ou de achar que qualquer coisa que eu tente de verdade vou conseguir pode ser o real sentimento por trás, ou o pesadelo de que tem algo que eu vou ser péssimo, vou fazer papel de bobo, ou me machucar (física ou emocionalmente) me afasta do tentar.

Me peguei tendo que fazer um desenho. Aos 40 anos, mãe de um molequinho de 6, achei que tiraria de letra um simples desenho. Mas não era um simples desenho, era uma aquarela. Pode parecer bobagem, para quem estuda tanta psicologia, para quem já fez um tapete arraiolo, para quem se maquia diariamente, mas simplesmente travei na frente das tintas e do papel molhado. Achei que nada poderia sair dali. De repente, ondas coloridas pintaram o papel. Me senti boba, me senti incompetente, afinal, não via nenhum Monet à minha frente, mas saiu uma pequena paisagem, com cores vivas e alegres, que me deu uma sensação de movimento. Fiquei ali, analisando e sendo analisada no meu desenho, nas sensações que ele me trazia, e no porque diabos eu achava que tinha que ser um Monet ou não seria nada...

Muito claro, do fundo da minha autocrítica (sim, eu a tenho bem forte!), e do alto da minha arrogância, eu achava que eu não tinha que aprender a pintar uma aquarela, que eu tinha outras coisas mais importantes para pensar, até que percebi que, na verdade, aquilo me provocava reflexões mais profundas que um semestre inteiro de faculdade, porque estava acontecendo com um propósito bem definido, a ampliação da autoconsciência, no momento em que nada faz mais sentido para mim como pessoa e como profissional.

Ao incentivar os outros a se desenvolver, ampliar a autoconsciência, se descobrir, evoluir, eu faço o mesmo dentro de mim. Eu não fico apenas do alto de um palanque dizendo “façam assim, façam assado”, eu entro na dança e tento comigo também. O que funciona para mim eu aplico com meus pacientes e coachees. O que não tentei comigo não saio por ai aplicando só porque os livros e pensadores dizem que funciona. Nem tudo funciona para todo mundo, mas eu tento, e ainda que não goste, sei que pode ter aplicação para um ou outro tipo de pessoa. Acho que isso me faz tentar mais coisas agora que já tentei nos outros anos todos em que fui aprendiz da vida. Agora que sei um pouco mais, sei que ainda tem um zilhão de coisas que ainda não tentei. E toda vez que algo aparece e me parece totalmente fora da minha realidade digo, tentando driblar meus preconceitos e minha exigência de perfeição “Vamos tentar e seja o que Deus quiser”. Se não for ilegal, imoral ou engordar, vou tentar... O máximo que pode acontecer é eu dizer “Bem, acho que não fez muito sentido para mim...”, mas ainda assim vou esperar um tempo antes de afirmar isso com muita certeza, porque, quando não estamos muito acostumados a algo pode demorar um tempo até esse negócio entrar no coração ou ser compreendido pela razão. A abertura para tentar e a coragem de se surpreender são fundamentais para ampliar o conhecimento de si mesmo e do outro. Conhecer algo diferente faz com que eu obrigatoriamente me coloque num lugar estranho, que me dá um “cheiro” de como é aquele que é totalmente diferente de mim. Como pensa alguém que foi criado sob outro teto e outros valores, aquele que tem outro estilo de vida, que conhece apenas outra realidade.

Essa perspectiva aumenta minha tranquilidade com a diversidade, aumenta o espectro de conhecimento sobre meus limites e meu alcance, enquanto trabalha meu cérebro para ficar ativo mais tempo e meu coração para a humildade e a aceitação.

Raquel de Moraes Sarmento

Psicóloga e Coach CRP 06/126910

(11)25926881 (11)94268880

doconheceraoser@gmail.com

 
 
 

Comentários


Novos Posts
Recentes
Arquivo
Follow Us
  • Twitter Basic Square
  • Facebook App Icon
  • LinkedIn App Icon
  • Google+ Basic Square

​© 2014 by Raquel de Moraes Sarmento

Proudly created with Wix.com

bottom of page