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Lidando com emoções e sentimentos

Para começar a falar sobre esse tema, gostaria de diferenciar emoções de sentimentos:

A palavra "emoção" provém do termo latino emotione, "movimento, comoção” e se classifica como um conjunto de respostas químicas e neurais baseadas nas memórias emocionais e surgem quando o cérebro recebe um estímulo externo. O sentimento, por sua vez, é uma resposta à emoção, ou seja, como me sinto em relação à emoção que me acomete.

Ter consciência de como reagimos à uma emoção é fundamental para lidar com o sentimento.

As emoções são reações inconscientes e os sentimentos, uma espécie de juízo sobre essas emoções.

Para começar a lidar com emoções precisamos perceber as reações físicas que estamos tendo. O mesmo em relação às crianças – como pais, é nosso papel ajuda-las a compreender essas reações.

Afim de dar mais clareza ao que estou dizendo, vou nomear algumas das reações físicas que demonstram emoções, mas claro que além destas existem muitas outras!

Coração disparado, arrepios, cara fechada, lágrimas, riso fácil, fechar os olhos, sentir “esquentar”, suar frio, suor nas mãos, perder a cor dos lábios, ficar vermelho, etc... São facilmente notadas em si mesmo e no outro.

Cada uma delas está relacionada a diferentes emoções. Já o sentimento, é uma reação à emoção que o precede, e uma emoção pode gerar diferentes sentimentos, tanto para pessoas com personalidades distintas quanto para a mesma pessoa... Por exemplo, quando fico constrangido, sinto meu rosto avermelhar, gaguejo... o medo se transforma em vergonha e depois em raiva ou tristeza – vários sentimentos brotando de uma mesma emoção.

As crianças não “nascem sabendo” identificar emoções e nomear sentimentos. A Alexitimia, condição que significa uma incapacidade de nomear sentimentos. Esta condição é considerada normal, e até esperada, em crianças e adolescentes, até aproximadamente os 14 anos de idade. Depois disso, já se torna uma condição patológica – seja por um período específico, como um pós trauma psicológico ou físico, ou mais duradouro, neste caso como uma condição psiquiátrica.

Existe um aprendizado natural e gradual, para o qual a família é fundamental. As interações sociais tornam-se pouco a pouco mais complexas oferecendo um leque de possibilidades cada vez maior ao indivíduo para que ele componha sua melhor forma de lidar com seus próprios sentimentos e emoções – e também com as dos outros. Mas esse processo pode ser muito facilitado e melhorado com a ajuda dos pais. Apoiar a criança nos primeiros anos, auxiliando-a a identificar suas emoções e reações e como elas inspiram os sentimentos, e depois, como lidar com eles, faz parte de uma parentalidade saudável.

Para apoiar uma criança nesse processo, o primeiro passo é reconhecer em si mesmo a sua própria capacidade ou incapacidade de perceber suas próprias emoções. Muitas vezes estamos tão desconectados de nossos próprios corpos, vivendo uma vida essencialmente mental – trabalho, estudos, pensar estratégias, planejar, receber grandes quantidades de informações (úteis e inúteis) através de todos os canais de comunicação que temos hoje – que nem mesmo conseguimos identificar nossas emoções. Que dirá saber diferenciar se o sentimento que tenho, após receber uma notícia que me impacta, é medo ou raiva... Em nossa cultura, isso é especialmente verdade para os homens, que nunca são incentivados a falar sobre as próprias emoções e sentimentos. Ouvimos por ai “Homem não chora”, “Homem não fica falando de sentimentos”... e isso demonstra como é difícil para eles se conectar com seu mundo emocional. Mas nós mulheres também somos ensinadas que certos sentimentos “são feios ou maus”. Nós também estamos nesse meio. Por isso a autorreflexão e o autoconhecimento são tão importantes especialmente quando decidimos assumir nossos papeis de pai/mãe. É preciso maturidade emocional, inteligência e perspicácia para lidar com nossas emoções e sentimentos e ainda ajudar nossas crianças a perceber e aprender a lidar com os seus.

Após uma autorreflexão, o segundo passo é parar para ouvir de fato o que seu filho está “dizendo” com os ataques de fúria, os choros estridentes, ou as piadas fora de hora...

Incentive a criança a falar sobre o que está sentindo e vivendo, e deixe seu julgamento temporariamente de lado. Quanto mais aberto você for, mais a criança se sentirá a vontade para compartilhar e mais fácil será sua compreensão sobre o que está acontecendo.

Compartilhe seus próprios sentimentos e emoções A TÍTULO DE EXEMPLO (Não use a criança como confidente!), mostrando a eles como você se sentiu em situações semelhantes, quando tinha a idade dele, ou mesmo agora na sua vida atual, você ajuda seu filho a sentir-se pertencente/igual. É muito desafiador ter a sensação de que ninguém te entende, de que você é um peixe fora d’água. Imagine então como se sente uma criança, que ainda não tem repertório para saber se aquilo que ela está experimentando “é normal”.

Os sentimentos e desconfortos podem ser um sinal de alerta: Algo não vai bem e precisa de ajuste! A cozinheira não joga a panela de feijão fora porque falta um pouco de sal!

Se você procura compreender o que está por trás da emoção e sentimentos que surgem “do nada” ou “sempre”, verá que talvez precise de algum ajuste – de combinado, de conduta, de relação.

Ajustes, acordos e revisões nos contratos não são errados – é importante ter essa flexibilidade – até porque eles crescem e as necessidades mudam.

É preciso em primeiro lugar nomear e depois investigar para compreender e recombinar.

Outra coisa importante para complementar esta reflexão é que sentimentos considerados “negativos” também fazem parte de nossas vidas, e podem até ser bem úteis. Eles impulsionam e ampliam nossa experiência. Por isso é tão importante compreender e dar bom uso a eles.

Adultos também sentem raiva, medo, frustração, entre outros, e isso nunca acaba. Se admitirmos isso, e incentivarmos as crianças a viver esses sentimentos e compreender a melhor forma de lidar com eles, veremos florescer uma geração que tem muito mais equilíbrio e vive melhor.

Proponho uma autorreflexão sobre nossos próprios sentimentos e emoções. Sair do mundo virtual e se conectar com seu próprio corpo, ouvindo suas necessidades e como elas se manifestam. Escreva um breve relato sobre suas emoções, as reações físicas e os sentimentos ligados a elas. Tenho certeza que apenas esse breve exercício vai te auxiliar na sua jornada!

Um abraço com carinho

Raquel Sarmento

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