Recomeçar

Por que você está aqui? Por que nascemos, para que vivemos? Você já se perguntou algo parecido com isso alguma vez.

Sem entrar em discussões filosóficas ou religiosas demais, cada um de nós tem um motivo pelo qual seguir em frente. Algumas vezes pode acontecer desse motivo se tornar muito distante ou confuso, e aí normalmente encontramos aqueles casos extremos, em que a pessoa acaba por questionar a própria vida, ou deixando-se levar por ela ao invés de tomar as rédeas.

Em alguns momentos da vida, passamos por algumas situações e contextos que acabam por mudar nossas prioridades e sentido da vida.

É desses momentos que quero falar. As mudanças, impostas ou escolhidas, surgem em nossas vidas em várias situações diferentes. Nós, que já não somos mais crianças, provavelmente vamos recomeçar algumas coisas. Recomeçar, por que começar do zero alguma coisa, quando já atingimos alguns anos de praia, vai ser um pouco mais difícil. A não ser que você tenha sido uma pessoa dos livros e só aos 40 tenha decidido escalar uma montanha. Acontece, mas é mais comum que a gente recomece, viva situações similares mas em momentos, relações, configurações diferentes.

Aliás, recomeçar pode inclusive ter o sentido de rever o seu propósito na vida e dar uma guinada. Afinal, você já está vivendo, apenas tomou a decisão de mudar o seu status quo.

Mudar pode ser perturbador para muitas pessoas. Por outro lado, poucas coisas se comparam à delícia de recomeçar alguma coisa.

Todo mundo que está lendo agora já teve a oportunidade de um dia ver à sua frente vários lápis, cadernos, livros novinhos, e certamente ficou feliz. Ainda que ansioso, ainda que preocupado com o que viria pela frente, com quem conviveria, e se daria ou não conta do recado, foi tomado de uma grande alegria por ter em suas mãos um novo material escolar.

Recomeçar também é assim. Quando se tem nas mãos a oportunidade, aliada a um desejo de mudar, melhorar, conseguir alguma coisa, seja ela correr uma maratona, ou arrasar num vestido de festa, ou voltar a estudar, ou começar num emprego novo, também aparece aquela sensação, que é um misto de coisas boas e ruins.

O que faz a diferença nessa hora é fazer a escolha certa, a escolha do lado bom. É claro que um novo emprego vai ter uma fase de adaptação, e toda empresa tem as pessoas bacanas e as nem tanto, e suas burocracias, políticas e procedimentos, mas também tem algo ali que é novo: você! É num momento como esse que você tem nas mãos uma oportunidade de ouro! De começar do zero – as relações, a organização, a sua história de sucesso.

Começar um novo curso, conhecer gente nova, dedicar-se às infinitas leituras que ele exige também é uma experiência incrível. Só de comprar um caderninho já me vem aquela sensação do material escolar de novo...

Começar um regime nunca é gostoso, confesso. Mas é em situações como essa que somos mais testados, na nossa perseverança, na nossa clara percepção da meta, e por isso, tem um “sabor especial” (não pude evitar o trocadilho...).

O que quero dizer é que a escolha é só sua, sobre como encarar esse começo. Como imprimir a realidade que você deseja nessa situação nova. Tudo nessa vida tem dois lados, um positivo e um negativo, e quem decide qual dos dois lados vai ter a ênfase é você mesmo.

As mudanças que são escolhidas são muitas vezes mais fáceis de serem encaradas pelo prisma positivo. Mas aquelas que nos são impostas também podem acabar sendo vistas de uma forma favorável. É uma questão de buscar no contexto geral aqueles pontos que são mais amenos, que trazem benefícios, que vão gerar resultados bons no médio ou longo prazo, para atingir o seu propósito.

Quando a palavra de ordem é recomeçar, é muito importante ter em mente o seu propósito. A sua meta, e o desdobramento dela em partes menores, para que, atingindo os pequenos gols intermediários, você saiba que está no caminho certo.

Saber que você precisará fazer algumas escolhas diferentes para que o resultado seja diferente também é fundamental. Afinal, se você recomeçar mas fizer tudo igualzinho ao que já fez antes, seu resultado provavelmente será o mesmo que fez você querer recomeçar...

Fazer escolhas diferentes envolve raciocinar, avaliar possibilidades, analisar prós e contras, e exercitar uma maneira nova de fazer alguma coisa. Exercitar sim, porque não é instantâneo. Se você já possui um modus operandi é bem provável que se você não se esforçar e pensar no que está fazendo, acabará por “entrar no automático” e fazendo igual antes.

E esteja preparado para ser questionado. “Nossa, você está diferente”, “Antes você agia de outra forma”, “Você nunca falou sobre essa sua vontade”, “Você sempre foi de tal maneira” são algumas das frases que a gente ouve quando está encarando algum recomeço. Lembre-se, a maioria das pessoas não gosta muito de mudança. Se você era um amigo “assim”, não vão achar normal você ter se tornado um amigo “assado”. Amigo, marido, profissional, subordinado, chefe, etc...

Mesmo que a mudança seja para melhor, ainda vai gerar um desconforto inicial: “Parou de beber?!? Nossa, que estranho!” “Saiu da empresa? Você é louco, como vai arrumar outro emprego tão bom?!?”, “Casou de novo?! Se não deu certo da primeira vez...”.

Lembre-se que o propósito é seu. Quanto mais ele estiver alinhado com suas crenças e valores, quanto mais importante isso for para sua felicidade, mais tranquilo será para você passar pelos questionamentos dos outros, que não estão na mesma sintonia que você, ou simplesmente se assustaram com uma mudança porque talvez não tenham tido sua coragem.

Ninguém vai recomeçar por você. Você pode ter muitos apoiadores, e muitos “seca-pimenteira” de plantão. Mas é você quem vai arregaçar as mangas e recomeçar. Por isso, é para si mesmo que você deve perguntar “O que será de mim se eu continuar assim? Quais minhas oportunidades se eu mudar?”. Tomada a decisão, se entregue à sua nova jornada. Ela será cheia de obstáculos e também de oportunidades de melhoria. Mas o bom mesmo, é que lá no final, sua meta estará te esperando, e quando chegar lá e olhar pra trás, saberá como foi importante, como você é vitorioso de chegar onde chegou, com suas próprias pernas.

Se não temos os sonhos ou propósitos para exigir mudanças, questionamentos e recomeços em nossas vidas, por que mesmo é que estamos aqui?