Mudar... para melhor
- raquelmsarmento
- 10 de set. de 2014
- 4 min de leitura
Mudar, seja de casa, de emprego, de atitude, sempre gera uma certa ansiedade e incomodo, para dizer o mínimo.
Mas quem não aceita a mudança está fadado ao fracasso. Isso porque não há como não mudar. O mundo muda, o tempo todo, e estamos vivendo nele não é?!
A cada momento somos testados em nossa capacidade de compreensão e adaptação. Compreensão, para ter clareza do que estamos enfrentando e das variáveis envolvidas, e adaptação à nova realidade, mas também ao momento conturbado onde a mudança está acontecendo.
A mudança concreta, o evento externo, não é o que nos provoca o desconforto, mas sim, a transição interna, a acomodação à nova situação. Vários autores falam a respeito desse processo de mudança e de suas fases. Vou fazer aqui uma reflexão pessoal sobre o tema.
Dizemos que o que “dói” na mudança não é o fato, mas o que acontece dentro da cabeça e do coração da pessoa que vive a mudança. A pessoa sofre com a mudança porque está perdendo algo familiar, conhecido, algo com o que já sabe lidar, independentemente de ser bom ou ruim.
O fato é que se tem controle sobre algo que se conhece, então, quando algo muda, tenho que aprender novamente como se faz para controlar. E a perda de controle gera ansiedade. Mesmo se a mudança é para melhor, se o apego persiste, a sensação ainda é ruim.
Se a mudança é imposta, a sensação de perda é ainda maior. Nada como não querer alguma coisa para nos fazer remar contra. A empresa em que eu trabalho foi vendida, e eu “tenho” que me adaptar a uma nova rotina, novas regras, novos colegas, novo chefe, etc.
Meus pais decidiram mudar de cidade, e eu, adolescente, tenho que ir com eles e deixar meus amigos, minha escola, minha vida para morar e estudar em um lugar onde não conheço ninguém...
A economia do país mudou e meus negócios estão sofrendo um impacto alto, me obrigando a baixar meu padrão de vida.
Situações como essas ocorrem todos os dias. Se não ainda com você, ocorre com seu vizinho, com um parente, e amanhã ou depois, exatamente no seu quintal.
É melhor se preparar e procurar entender. Só temos 2 certezas na vida, uma é bem conhecida, a morte, e a outra, é a mudança (e ainda podemos considerar a primeira como uma grande mudança, só não vou entrar nesse mérito nesse texto...).
Quando procuramos compreender melhor a situação, avaliar os envolvidos, o contexto geral, os prós e contras, obter o máximo de informação possível, imaginar as possibilidades futuras, ou seja, quando somos ativos no processo de mudança, a situação se ameniza. Quando deixamos que outros tomem as atitudes por nós e assumam responsabilidades, nos sentimos cada vez mais levados a tomar esta ou aquela decisão, e a insatisfação só aumenta.
Pensar no que a mudança poderá agregar de positivo torna possível enxergar possibilidades. Assumir responsabilidades dentro do processo de mudança aumenta o protagonismo, e com isso aumenta a confiança de quem tem as rédeas nas mãos.
Mas as mudanças voluntárias também geram desconforto. Quando escolho sair de uma empresa e aceitar uma proposta do concorrente, tenho que estar ciente de que essa mudança, embora tenha partido de mim mesma, também gerará um certo grau de insegurança e ansiedade. A questão é simples. Quando perco o que me é “conhecido”, perco o controle das coisas, e então fico ansioso. Mas como a mudança foi escolhida por mim, eu consigo ver mais pontos positivos e então a ansiedade acaba sendo apaziguada pelos prós da mudança.
Por isso o antídoto contra esse desconforto independe do tipo de mudança que está ocorrendo. É aceitar que há um desconforto e procurar se respeitar. Se necessário, dê um tempinho (não um tempão!) para sentir uma certa “saudade” do que acabou. E depois, bola pra frente!
Seja protagonista! Foque no lado positivo e assuma responsabilidades e um papel ativo em prol da mudança. Busque o máximo de informações, faça análise de prós e contras, desapegue do passado. Quanto mais ativo, maior o controle você vai ter da situação. Quanto mais pontos positivos enxergar, mais fácil será aceitar a perda de algumas coisas que você já considerava como certas na situação anterior.
Mudar para melhor é também mudar sua atitude em relação à própria mudança. É ser esperto, pois a mudança é certa, e quem se adapta mais facilmente tem uma vantagem competitiva. Sai na frente e atinge melhores resultados, pois consegue enxergar mais rapidamente as vantagens e o positivo na mudança. Perde menos tempo na fase de “implicância” com a mudança e passa a agir mais rapidamente.
Se quiser testar, escolha algo pequeno e mude em você mesmo. Altere o trajeto para o trabalho, mude o jeito de se pentear, o horário de ir para a academia, a forma como você encara algum conceito. Busque informações, tome a iniciativa.
Treinar com pequenas mudanças ajuda a formar um portfólio de situações de sucesso ao lidar com mudanças. Ensina desapegar, agiliza o momento de tristeza e fortalece a adaptação.
Comments