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Intolerância

  • Foto do escritor: raquelmsarmento
    raquelmsarmento
  • 25 de jun. de 2014
  • 3 min de leitura
Um dos problemas mais prováveis na carreira de alguém que ingressa em uma empresa ou em qualquer outro ambiente onde vai dividir tarefas e conviver com outras pessoas afim de atingir um propósito único, reside nas diferenças pessoais, que resultam em maneiras diferentes de trabalhar, se comportar, interagir, realizar atividades, etc.
Com as diferenças, vem aquele sentimento de perfeição e orgulho: O meu é melhor, a minha maneira é a correta, eu faço bem feito, os outros são piores, desleixados, preguiçosos, burros... A intolerância aparece – com o diferente, com o que acho errado, o que acredito que esteja contra o que eu estou dizendo/fazendo.
É claro que quando escolhemos uma forma de ser ou de fazer as coisas, baseamos nossa escolha naquilo que achamos correto, de acordo com nossas crenças e valores, com aquilo que aprendemos, com o que mostrou nossa experiência. Mas isso não significa que o companheiro de trabalho, o subordinado, ou o parceiro de negócios esteja fazendo diferente “só de sacanagem”. Talvez a forma do outro reagir tenha exatamente os mesmos princípios, isto é, também baseado naquilo que ele acredita como certo ou adequado para a situação.
Do alto dos nossos diplomas e posições hierárquicas ou sociais, ditamos as maneiras como se deve agir, pensar e fazer. O que desviar do nosso padrão, corre o risco de ser tachado de erro.
Acontece que não somos máquinas que realizam as coisas de maneira uniforme, com um gabarito. Em qualquer ambiente, seja de trabalho ou social, encontramos alguém que reage, fala, pensa, sente e age diferente de nós. Quando considero isso uma ofensa pessoal, passo a ser intolerante.
Uma vez acompanhei de perto um caso de uma diretora que tinha uma equipe com 4 gerentes, seus subordinados diretos, e abaixo destes, coordenadores, analistas e estagiários compunham o time responsável por uma área bem importante para a empresa. Essa diretora, extremamente capaz e inteligente, do ponto de vista técnico, exigia de seu time uma diretriz muito clara de atuação, em todos os sentidos. Até mesmo uma planilha para uma determinada demonstração precisava seguir os padrões por ela estabelecidos, com coisas como fonte, cor, espaçamento, importando tanto quanto a informação contida no material.
Não havia espaço para muita criatividade dentro deste time. A reação da diretora, quando algo fugia de suas determinações, era de extrema intolerância. Vi bons profissionais sendo afastados de suas atividades, baseado simplesmente na divergência de opiniões, ou formas de fazer.
Não quero parecer inocente, claro que precisamos ter alguns padrões, não é realista que a cada apresentação se tenha que criar do zero todos os templates. Se a cada reunião a informação tiver um formato diferente, como comparar? Pois é, o que eu estou enfatizando com este exemplo, é o excesso. A intolerância ultrapassa os limites das regras, procedimentos, socialmente aceito. A intolerância mora no perfeccionismo e no orgulho. Se o meu é melhor, o do outro é inaceitável. A revolta é o sentimento. O desprezo pelo diferente é a base. A intolerância é a consequência.
Sermos intolerantes nos garante pelo menos uma coisa: uma fama de mau.
Quem é extremamente capaz e inteligente, os esforçados e os minuciosos, correm o risco de caírem na armadilha da intolerância. Mesmo com as melhores intenções, mesmo se houvesse uma forma científica de comprovar que a sua forma é a melhor, menosprezar a forma de fazer ou de ser do outro porque difere da sua faz com que a intolerância surja quase que instantaneamente.
Daí não é mais o procedimento ou o resultado que importam. É a sua verdade. É o orgulho.
O antídoto para a intolerância é a aceitação do novo, do diferente. Avaliar as coisas sob uma perspectiva mais ampla, considerando outros pontos de vista, avaliar alternativas para suas soluções, buscar compreender as pessoas que pensam diferente e suas lógicas, mas acima de tudo, compreender que cada pessoa com quem nos relacionamos tem suas próprias verdades, maneiras de fazer e pensar. Se pode não haver melhor forma de realizar uma tarefa, certamente ainda é possível discutir alternativas, ou pelo menos envolver as pessoas na sua decisão. A intolerância é antônima a bom clima organizacional. É contrária à diversidade. É adversária do entendimento e da compreensão.
Arrisco dizer que manter-se intolerante torna a pessoa paralisada em suas crenças, afastada da compreensão das diferenças e das possibilidades que isso pode trazer. Além de ser ruim para o convívio é ruim para o desenvolvimento e para a evolução como ser humano e como profissional.
 
 
 

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